História do I Ching - O Caminho da Sabedoria
O I Ching surgiu antes da dinastia Chou (1150-249 a.C.) e era um conjunto de oito Kua , figuras formadas por três e seis linhas sobrepostas. James Legge, na tradução para o inglês (1882), chamou de trigrama o conjunto de três linhas e hexagrama o de seis, para distingui-los entre si.
A origem dos 64 hexagramas é
atribuída a Fu Hsi, o criador mítico chinês, e, até
a dinastia Chou, eles formavam o I.
Os oito trigramas recebem o nome de Pa Kua(Wide-giles) ou Ba Gua(pynin)?
a sua origem é pré-literária.
O tempo obscureceu a compreensão das linhas e, no começo da dinastia Chou, surgiram dois anexos: o Julgamento, atribuído pela tradição ao rei Wên, e as Linhas, atribuídas a seu filho, o duque de Chou, ambos fundadores desta dinastia.
Mais tarde, mesmo o significado
destes textos começou a ficar obscuro e, no século VI a.C.,
foram acrescentadas as Dez Asas, que a tradição atribui a
Confúcio, embora seja claro que a maioria delas não pode ser
de sua autoria.
O nome "I Ching" é dado ao conjunto dos Kua e todos os
textos posteriores.
O I Ching escapou da grande queima
de livros feita pelo tirano Ch'in Shih Huang Ti, no tempo em que era considerado
um livro de magia e adivinhação, o que levou a escola de magos
das dinastias Ch'in e Han a interpretá-lo segundo outras visões.
A doutrina do Yin Yang foi sobreposta ao texto.
O sábio Wang Pi veio a resgatá-lo como livro de sabedoria.
Houve várias traduções
do "I Ching" para línguas ocidentais, algumas claramente
desrespeitosas, tratando a cultura chinesa como primitiva.
A tradução de Legge fez parte da série Sacred books
of the East (Livros sagrados do Oriente), e foi traduzida também
para o português.
Richard Wilhelm traduziu o I
Ching para o alemão ao longo dos anos em que viveu na China, inclusive
durante a invasão japonesa, quando a cidade em que estava foi cercada.
Teve o apoio de um velho e sábio mestre, Lao Nai Suan, que morreu
ao ser concluída a tradução.
A edição alemã é do ano de 1923. Wilhelm traduziu
também outro clássico chinês, o Tao Te Ching.
O uso oracular do I Ching
A ênfase no aspecto oracular do "I" variou com o tempo. No século VI a.C., era visto mais como livro de filosofia, ao passo que, na dinastia Han, quando a magia teve grande papel, era visto como oráculo.
Como todo oráculo, exige
a aproximação correta: a meditação prévia,
o ritual, e a formulação precisa da pergunta.
O oráculo nunca falha, quem falha é o consulente: se a pergunta
não foi clara e precisa, isto indica que a pessoa não tem
clareza sobre o que deseja saber.
O ritual tem a função psicológica de focar a atenção
da pessoa na consulta.
A consulta oracular era feita
com 50 varetas (originalmente de mil-folhas, uma planta sagrada), das
quais uma é separada e as outras 49 manuseadas, seguindo seis vezes
a mesma operação matemática, para a obtenção
da resposta.
Dessa manipulação, resultava uma linha firme ou uma linha
maleável, que podem ser móveis.
As linhas firmes são resultado da obtenção dos números
7 ou 8, e as maleáveis vêm dos números 6 ou 9. Destes,
6 e 9 correspondem a linhas móveis que, por estarem prestes a mudar,
têm importância na interpretação.
O I Ching, por ser um livro sagrado, e as varetas usadas na consulta, eram guardados em uma caixa de madeira virgem, embrulhados em seda também virgem.
Durante a dinastia Han, que durou de 206 a.C. até 220 d.C., a consulta começou a ser feita de forma alternativa, mais simples, com o uso de três moedas.